Saímos
de Medjugorje cedo pela manhã, seguindo viagem até Mostar, na região da
Herzegovina, uma bela cidade medieval, que foi parcialmente destruída durante a
guerra da Bosnia. Até certo ponto, Mostar foi reconstruída, porque, hoje em dia,
ainda vemos muitos prédios que não foram recuperados dos estragos provocados
pelas balas e bombas. Alguns até mesmo permanecem em perenes ruínas. Há os que
culpam o governo por esta falta de comprometimento em reerguer a cidade... A
arquitetura da cidade mescla estilos que figuraram durante o domínio dos
impérios otomano e austro-húngaro.
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Fernanda tendo ao fundo a Ponte Stari-Most sobre o Rio Neretva, um dos cartões postais de Mostar |
No
lado leste, prevaleceu a influência otomana, com o erguimento de mesquitas, destacadas
pelos seus altos minaretes, casas e comércios de estilo típico dos turcos, situada
além da ponte velha. No lado oeste, predominaram as construções da época do
Império Austro-Húngaro, que preconizava os estilos do art nouveau,
neo-renascentista e neo-islâmico.
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A Mesquita Koski Mehmed Paša (ao centro), com seu alto minarete, é uma das atrações de Mostar no lado leste |
A
primeira parada ocorreu em frente à Igreja de São Pedro e São Paulo, a oeste da
Avenida Bulevar. Foi construída em 1866 e era a mais importante igreja católica
de Mostar. Durante a Guerra da Bosnia, foi destruída após um bombardeio e
reconstruída alguns anos depois. O seu campanário é o mais alto do país e do
sudeste da Europa. Possui um mirante, de onde se pode obter uma linda vista de
toda cidade.
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A Igreja de São Pedro e São Paulo e o seu campanário, um templo católico, no lado oeste da cidade |
Mais
distante, ainda no lado oeste, admiramos a Catedral Ortodoxa Sérvia da
Santíssima Trindade, construída originalmente entre 1863 e 1873, sendo
completamente destruída durante a Guerra da Bosnia. A reconstrução do prédio
começou em 2009, de forma idêntica à antiga igreja.
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A Catedral da Santíssima Trindade, um templo ortodoxo sérvio, no lado oeste de Mostar |
A
via principal de Mostar chama-se Bulevar, sendo que os bosníacos, ou os bósnios
muçulmanos, identificados pelas barbas, vivem a leste; já os croatas, que são
católicos, vivem a oeste, assim como os sérvios, estes cristãos ortodoxos.
Estas diferenças de etnias, religiões e idéias, tendem a gerar conflitos, que
resultaram na guerra civil. Alguns ainda idolatram o ditador Tito, de um
socialismo moderado, porque durante o seu governo havia harmonia entre a
população. E os mais jovens sonham com a entrada do país na União Européia.
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Exemplo de um prédio, que não foi recuperado após a Guerra da Bosnia, no caminho que leva ao lado leste |
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Os gatos são uma constante em Mostar, andando livremente pela cidade, ignorando as diferenças de religião ou preferência política |
Mostar
é famosa pela ponte velha, a Stari-Most, que foi totalmente reconstruída nos
moldes originais do Século XVI, quando foi havia sido construída pelo sultão
otomano Solimão, o Magnífico. No ano de 1993, sobreveio a Guerra da Bosnia,
quando a mesma foi destruída. Os organismos internacionais ofereceram recursos,
de modo que a ponte foi reinaugurada no ano de 2004.
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Reconstruída após a Guerra da Bosnia, a Ponte Stari-Most, recuperou o formato original do Século XVI; à direita vemos a Torre Tara |
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Vista do lado oposto, a Ponte Stari-Most, com a Torre Hélébija; no alto do morro vê-se uma cruz branca |
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A cruz branca marca o lugar onde as forças croatas bombardearam a cidade em 1993, durante a Guerra da Bosnia; Mostar ficou cercada durante 9 meses, sem eletricidade e acesso à comida |
A
ponte Stari-Most situa-se sobre o Rio Neretva, de águas verde-esmeralda,
rodeado por pequenas praias, que emprestam um charme todo especial ao lugar.
Mais famosa ainda é a tradição, que virou concurso anual, de saltar da ponte
sobre as águas frias do rio, quando se reúne uma imensa platéia para apreciar o
feito. Não deixe de observar a grande pedra num canto da ponte, onde se lê:
‘don’t forget ‘93’, o ano em que a ponte foi destruída.
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O Rio Neretva nasce nos Alpes Dináricos e desemboca no Mar Adriático |
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O calçamento da Stari-Most é feito de pedras calcárias, que formam degraus |
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Já o calçamento da rua de comércio é feito de pedras arredondadas, dispostas de forma irregular |
Não
longe dali, está a Ponte Torta, que cruza o Rio Rabobolja, este um dos
afluentes do Neretva. Esta foi destruída por uma enchente no ano de 2000, mas
foi reerguida novamente graças ao patrocínio do governo de Luxemburgo.
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A Ponte Torta sobre o Rio Rabobolja |
Seguimos
em direção à rua do Mercado Velho, o Stari Bazar, no bairro mais antigo da
cidade, com calçamento de pedras. Além de cafés e pequenos restaurantes, há
muitas lojas que vendem souvenires, artigos de couro, artefatos de cobre,
luminárias e tapeçarias.
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Percorrendo a rua estreita do Mercado Velho |
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Vemos artigos que lembram a Turquia e que estão presentes nas lojas do Mercado Velho |
Hora
do almoço! Próximo à Ponte Velha, na Rua Jusovina 11, fica o famoso restaurante
Šadrvan. Ótimo atendimento, boa comida e bons vinhos locais!
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O interior do Restaurante Šadrvan nos transporta ao estilo tradicional da Bosnia |
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Bosnian Schnitzel (bečka šnicla: bečki = ‘vienense’ e šnicla = transliteração do alemão Schnitzel) feito de carne de vitela empanada e frita com creme azedo e batatas |
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Taça do vinho local Zilavka: só elogios! Žilavka é uma variedade de uva plantada na região sul de Mostar |
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Vinhedos de Mostar |
Não
nos esquecemos de tomar o café bósnio, servido da forma tradicional, isto é,
sem coar o pó, com a aparelhagem de café feita de cobre, mas com xícara de
porcelana. Este foi servido com um docinho turco, o que pode dispensar o açúcar
extra. Lembrar que, no lado croata da cidade, no lado oeste, não se serve café
bósnio, tipicamente muçulmano...
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Café Bósnio |
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Antes de irmos embora, compramos alguns docinhos típicos turcos; nas lojas são vendidos chás, doces, frutas secas e temperos... |
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O cartaz resume o essencial para se deliciar em Mostar |
No
começo da tarde, seguimos viagem para a Capital Sarajevo.
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