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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Uruguai - Rivera


Vista da Praça Internacional e da cidade de Rivera

Capital do Departamento uruguaio de mesmo nome, ao norte do país, Rivera faz fronteira com a cidade gaúcha de Santana do Livramento, sendo frequentada pelos brasileiros por causa dos inúmeros free shops destinados às compras de produtos importados em dólar. A cidade foi fundada em 1862, recebendo o nome definitivo no ano seguinte em homenagem ao general Fructuoso Rivera. A povoação originou-se dos espanhóis e portugueses, estendendo-se mais tarde às populações de imigrantes italianos e brasileiros.


Obelisco da Praça Internacional

Detalhe da Avenida Sarandi, a principal via dos Free Shops de Rivera

Vista do Casino de Rivera (centro), do Resort ligado ao mesmo (esquerda) e do Teatro Municipal (direita)




domingo, 11 de maio de 2014

Marrocos


O Reino do Marrocos, uma monarquia parlamentar, localiza-se na região do Magrebe, no noroeste da África, banhado pelo Mediterrâneo ao norte e pelo Oceano Atlântico a oeste. A capital é Rabat. Foi o nosso primeiro contato com o Marrocos, depois de sairmos da Espanha, atravessarmos o Estreito de Gibraltar de ferryboat até chegarmos ao porto de Tanger. As experiências vividas foram marcantes, e resultaram nestas postagens que representam um resumo dos momentos que vivemos neste exótico e instigante país.



O Marrocos abre o seu salão de visitas


Explicaram-nos que há dois tipos de construções dentro da arquitetura urbana do Marrocos: a Kasbah, que é uma cidadela ou um castelo-fortaleza e o Ksar ou alcázar, que é o povoado fortificado.


A Kasbah de Taourirt de Ouarzazate

O Ksar de Ait-Ben-Haddou

Antes do Século XVI, as populações não se fixavam num mesmo lugar. Elas migravam conforme as suas necessidades de sobrevivência. Com o tempo, passaram a exercer o sedentarismo, construindo habitações em locais mais adequados, mas não deixando de lado a necessidade de se protegerem de eventuais inimigos.


Detalhe de uma porta marroquina - Fez

Detalhe do interior do Palácio Bahia - Marrakech

Detalhe da arquitetura do Palácio Bahia - Marrakech

Trabalho esmerado em estuque - Fez 

Arcos do Palácio Bahia - Marrakech

Decoração rústica no interior do Marrocos - Erfoud


A foto abaixo mostra duas curiosidades: os telhados destas casas são planos, de modo que as pessoas da comunidade conseguem andar em cima deles, como alternativa de locomoção num terreno acidentado e inseguro de montanha. Observem as antenas parabólicas que não podem faltar mesmo nos lugares mais remotos do Marrocos ou do planeta...


Aldeia global no Alto Atlas

Os povos que habitam desde os primórdios a região do Magrebe são os berberes. Até hoje eles existem, sendo a maioria muçulmana, os quais conservam os seus dialetos e costumes locais. Mas o Marrocos também foi ocupado no passado pelos fenícios, gregos e romanos, absorvendo algo dessas culturas.


Arando a terra

Uma das coisas que mais me chamou a atenção no Marrocos foi a presença dos camponeses e dos criadores de animais no campo. Durante todo o dia, famílias inteiras cuidavam do cultivo da terra e guardavam seus rebanhos, lá permanecendo até mesmo debaixo de chuva, frio e vento. Lá estavam eles no árduo e incessante trabalho que envolve a agricultura familiar. Disseram-nos que não devíamos fotografar as pessoas trabalhando no campo, pois é isto tido como uma séria ofensa.


Crianças voltando da escola: a espontaneidade sem preconceitos


A imagem que nos vem à mente são as dos tuaregues, ostentando véus na cor azul índigo, protegendo-os do sol inclemente e da areia incessante, vagando pelo deserto em caravanas eternas pelo Saara. Porém estes outros berberes vivem em áreas mais centrais da África. Outro detalhe é que os berberes não são árabes.


Reverência ao Pôr do Sol no Saara

Berberes com os camelos antes do passeio pelas dunas de Erg Chebbi

Cantando no deserto do Saara

Dança em Boulmane Du Dadès

Artesão trabalhando uma peça em bronze - Fez

O pão está no forno - Fez

O tear prepara a peça tecida com fios de seda vegetal - Fez

O artesanato desenvolveu-se sob a influência oriental. São exemplos a cerâmica, madeira, metal, tapetes, tecidos, couro e bordados.


Metais trabalhados com técnicas muito antigas - Fez

Pufes feitos em couro expostos numa fábrica de Fez

Tecidos elaborados no tear da fábrica e loja - Fez

Bordados à mão em linho e outros tecidos

Slipper bordado com lantejoulas trazido de Marrakech

Túnicas femininas

Tapetes de Asilah revelam um trabalho mais rústico

Echarpes feitas à mão em Khorbat

Alguns exemplos de comidas e bebidas do Marrocos.


Frutas secas no mercado (souk) de Marrakech

Banca no mercado de Fez

Doces no mercado de Fez

Servindo o chá de hortelã em Ait-Ben-Haddou

Chá de Hortelã Marroquino. O segredo da mistura é lavar o chá seco rapidamente com água quente. Juntar água no bule e deixar ferver, juntar açúcar a gosto e acrescentar hortelã fresca. Servir no copo, levantando o bule pelo menos 20 cm de altura do copo, para misturar bem o açúcar. Voltar a pôr o chá no bule. Repetir várias vezes. Quando fizer muita espuma, está pronto para servir.


Tajine de Legumes, feita numa panela de barro com tampa cônica, que cozinha lentamente no vapor. É servida apenas na parte de baixo

Vinho Rosé marroquino

Cerveja fabricada em Casablanca

Entradas diversas típicas do Marrocos




Marrocos - Montanhas do Atlas - Gargantas do Todra - Deserto e Vegetação


O Marrocos possui um território montanhoso, que é representado pelas montanhas do Rife e pelas cadeias do Atlas, tendo a parte sul deste último delimitada pelo deserto do Saara.


Cadeias de Montanhas do Atlas (vermelho) - Foto: Wikipedia

Depois de sairmos de Marrakech, seguimos a antiga rota das caravanas e cruzamos as montanhas da Cordilheira do Atlas, cuja extensão é de 2.400 km, abrangendo o Marrocos, a Argélia e a Tunísia e separando o Oceano Atlântico do Saara.


As montanhas do gigante chamado Atlas

São imensas montanhas, chegando a acumular neve nos cumes e flancos. Em certos trechos, assume formas e cores diferentes: às vezes revela uma forma que parece ter sido desenhada pelos dentes de um garfo imenso, às vezes apresenta elevações mais baixas, exibindo pedras enormes equilibradas numa pequena área do solo, nas cores verde, marrom, cinza, ocre, cobre, formando canyons, contornando espelhos d’água, sustentando fontes, paredes de rocha nuas, às vezes cobertas por vegetação. O Atlas é colossal!


Montanhas do Alto Atlas

Ainda se vê um pouco da neve nos flancos que ficou do último inverno

Palmeiral aos pés do Atlas

Este túnel foi construído literalmente com as mãos, abrindo caminho dentro da montanha

No percurso pelas montanhas, vimos esta represa que controla as inundações do Rio Ziz

No alto das montanhas a neve resiste ao degelo da primavera no Médio Atlas

Estivemos no Lago Atlas, a mais de 1.000 m de altitude, no chamado Lago Atlas, e testemunhamos a presença da neve ainda naquela primavera. Ela costuma perdurar até meados desta estação.


Às margens do Lago Atlas

Fernanda segura uma bola de neve

Parece cobertura de chantilly em cima do bolo de chocolate...

Contaram-nos que, há mais de mil anos, a neve não derretia, porém hoje as neves deixaram de ser eternas e só nos resta este breve espetáculo para vivenciá-las.


O Marrocos possui riquezas minerais que são vistos como grandes promessas de desenvolvimento para o país. Dentre eles está a prata que é o minério mais importante do país, sendo até mesmo culturalmente valorizada. Neste aspecto em particular, o uso das joias de prata é mais aceitável em termos de recato e sobriedade do que as de ouro. Ao longo do percurso pelas montanhas do Atlas, encontramos comerciantes de pedras e joias. 


Cerâmicas e metais marroquinos vendidos à beira da estrada (ou do precipício)

Pedras à venda em exposição

As gargantas do Todra formam um profundo canyon que corta a cordilheira do Alto-Atlas.

À caminho do canyon de Todra

Palmeirais na região do Todra

O rio Todra, que nasce nestas montanhas e acaba por desaparecer no deserto do Saara, escavou este imenso desfiladeiro com paredes que podem chegar os 200 metros de altura.


As imensas paredes das Gargantas do Todra

O que se vê, no entanto, é um pequeno fluxo de água acompanhando o caminho da estrada, bem diferente do rio caudaloso que outrora deveria existir.


O fluxo de água do Rio Todra que ainda permanece

O Vale do Todra é habitado por tribos berberes e inclui três aldeias. Na entrada das gargantas, existem hotéis e restaurantes, para os que precisam de hospedagem ou de parada para o descanso. Depois, termina o asfalto e o caminho a seguir é longo, árido e pedregoso...


Agradável recanto do Hotel Restaurante Kasbah Les Roches

Vista do Hotel Kasbah Les Roches dentro do canyon


Durante a viagem, tivemos uma pequena aula sobre os desertos. O Deserto do Saara possui 5 milhões de km² no sentido leste-oeste e 200 mil km² no sentido norte-sul. O nome Saara significa “deserto” em árabe. As temperaturas variam entre -18º C e 52º C, isto é, à noite o deserto não consegue reter o calor verificado durante o dia.

Os desertos possuem três estágios: o de ramada, no qual vemos uma vegetação mais pobre, com espécies que conseguem sobreviver às difíceis condições de temperatura e umidade.


A ramada é o primeiro estágio na formação do deserto

A fase de cascalho é quando estes predominam na paisagem, e a vegetação é quase nula ou inexistente. Isto porque falta carbono no solo, para que possibilite o necessário desenvolvimento da vida vegetal.


A fase de cascalho se instala na paisagem estéril

A última fase é a de dunas, na qual ocorreu uma pulverização das rochas, dos cascalhos existentes. Quando o deserto chega a este estágio, o fato é irreversível. A areia não pode voltar a ser rocha... 


A fase de dunas é irreversível

Algo já está sendo feito no Marrocos para evitar este último estágio, através de plantio de espécies vegetais que introduziriam o carbono no solo, através de um eficiente sistema de irrigação. Nos lugares onde havia florestas e que foram cortadas as árvores por causa da extração de madeira, estão sendo plantados outros exemplares no lugar das espécies nativas. Vemos, por exemplo, pelas altas montanhas do Marrocos extensas áreas cobertas por pinheiros, lembrando um cenário tipicamente europeu. Cito, ainda, as oliveiras plantadas ao longo do território marroquino, que geram renda e protegem o solo da erosão.


Nas montanhas do Marrocos encontramos uma espécie de pinheiro chamada Juniperus sabina, comum também na Península Ibérica

Há um quarto tipo de deserto que é o rochoso, existente na Argélia, país vizinho ao do Marrocos. Nestas rochas, é comum serem encontradas pinturas rupestres.


As espécies vegetais são outros atrativos na diversidade da paisagem marroquina. Destacam-se as Azinheiras, nativas do norte da África, Tamareiras, Cedros, Amendoeiras entre outras.


Azinheiras do Alto Atlas desafiam os terrenos mais difíceis

Tamareiras invadem o deserto, formando um oásis

O elegante Cedro do Líbano na paisagem marroquina

As amendoeiras na primavera exibem flores rosadas ou brancas

Plantação de oliveiras em Ouarzazate