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domingo, 11 de maio de 2014

Marrocos - Montanhas do Atlas - Gargantas do Todra - Deserto e Vegetação


O Marrocos possui um território montanhoso, que é representado pelas montanhas do Rife e pelas cadeias do Atlas, tendo a parte sul deste último delimitada pelo deserto do Saara.


Cadeias de Montanhas do Atlas (vermelho) - Foto: Wikipedia

Depois de sairmos de Marrakech, seguimos a antiga rota das caravanas e cruzamos as montanhas da Cordilheira do Atlas, cuja extensão é de 2.400 km, abrangendo o Marrocos, a Argélia e a Tunísia e separando o Oceano Atlântico do Saara.


As montanhas do gigante chamado Atlas

São imensas montanhas, chegando a acumular neve nos cumes e flancos. Em certos trechos, assume formas e cores diferentes: às vezes revela uma forma que parece ter sido desenhada pelos dentes de um garfo imenso, às vezes apresenta elevações mais baixas, exibindo pedras enormes equilibradas numa pequena área do solo, nas cores verde, marrom, cinza, ocre, cobre, formando canyons, contornando espelhos d’água, sustentando fontes, paredes de rocha nuas, às vezes cobertas por vegetação. O Atlas é colossal!


Montanhas do Alto Atlas

Ainda se vê um pouco da neve nos flancos que ficou do último inverno

Palmeiral aos pés do Atlas

Este túnel foi construído literalmente com as mãos, abrindo caminho dentro da montanha

No percurso pelas montanhas, vimos esta represa que controla as inundações do Rio Ziz

No alto das montanhas a neve resiste ao degelo da primavera no Médio Atlas

Estivemos no Lago Atlas, a mais de 1.000 m de altitude, no chamado Lago Atlas, e testemunhamos a presença da neve ainda naquela primavera. Ela costuma perdurar até meados desta estação.


Às margens do Lago Atlas

Fernanda segura uma bola de neve

Parece cobertura de chantilly em cima do bolo de chocolate...

Contaram-nos que, há mais de mil anos, a neve não derretia, porém hoje as neves deixaram de ser eternas e só nos resta este breve espetáculo para vivenciá-las.


O Marrocos possui riquezas minerais que são vistos como grandes promessas de desenvolvimento para o país. Dentre eles está a prata que é o minério mais importante do país, sendo até mesmo culturalmente valorizada. Neste aspecto em particular, o uso das joias de prata é mais aceitável em termos de recato e sobriedade do que as de ouro. Ao longo do percurso pelas montanhas do Atlas, encontramos comerciantes de pedras e joias. 


Cerâmicas e metais marroquinos vendidos à beira da estrada (ou do precipício)

Pedras à venda em exposição

As gargantas do Todra formam um profundo canyon que corta a cordilheira do Alto-Atlas.

À caminho do canyon de Todra

Palmeirais na região do Todra

O rio Todra, que nasce nestas montanhas e acaba por desaparecer no deserto do Saara, escavou este imenso desfiladeiro com paredes que podem chegar os 200 metros de altura.


As imensas paredes das Gargantas do Todra

O que se vê, no entanto, é um pequeno fluxo de água acompanhando o caminho da estrada, bem diferente do rio caudaloso que outrora deveria existir.


O fluxo de água do Rio Todra que ainda permanece

O Vale do Todra é habitado por tribos berberes e inclui três aldeias. Na entrada das gargantas, existem hotéis e restaurantes, para os que precisam de hospedagem ou de parada para o descanso. Depois, termina o asfalto e o caminho a seguir é longo, árido e pedregoso...


Agradável recanto do Hotel Restaurante Kasbah Les Roches

Vista do Hotel Kasbah Les Roches dentro do canyon


Durante a viagem, tivemos uma pequena aula sobre os desertos. O Deserto do Saara possui 5 milhões de km² no sentido leste-oeste e 200 mil km² no sentido norte-sul. O nome Saara significa “deserto” em árabe. As temperaturas variam entre -18º C e 52º C, isto é, à noite o deserto não consegue reter o calor verificado durante o dia.

Os desertos possuem três estágios: o de ramada, no qual vemos uma vegetação mais pobre, com espécies que conseguem sobreviver às difíceis condições de temperatura e umidade.


A ramada é o primeiro estágio na formação do deserto

A fase de cascalho é quando estes predominam na paisagem, e a vegetação é quase nula ou inexistente. Isto porque falta carbono no solo, para que possibilite o necessário desenvolvimento da vida vegetal.


A fase de cascalho se instala na paisagem estéril

A última fase é a de dunas, na qual ocorreu uma pulverização das rochas, dos cascalhos existentes. Quando o deserto chega a este estágio, o fato é irreversível. A areia não pode voltar a ser rocha... 


A fase de dunas é irreversível

Algo já está sendo feito no Marrocos para evitar este último estágio, através de plantio de espécies vegetais que introduziriam o carbono no solo, através de um eficiente sistema de irrigação. Nos lugares onde havia florestas e que foram cortadas as árvores por causa da extração de madeira, estão sendo plantados outros exemplares no lugar das espécies nativas. Vemos, por exemplo, pelas altas montanhas do Marrocos extensas áreas cobertas por pinheiros, lembrando um cenário tipicamente europeu. Cito, ainda, as oliveiras plantadas ao longo do território marroquino, que geram renda e protegem o solo da erosão.


Nas montanhas do Marrocos encontramos uma espécie de pinheiro chamada Juniperus sabina, comum também na Península Ibérica

Há um quarto tipo de deserto que é o rochoso, existente na Argélia, país vizinho ao do Marrocos. Nestas rochas, é comum serem encontradas pinturas rupestres.


As espécies vegetais são outros atrativos na diversidade da paisagem marroquina. Destacam-se as Azinheiras, nativas do norte da África, Tamareiras, Cedros, Amendoeiras entre outras.


Azinheiras do Alto Atlas desafiam os terrenos mais difíceis

Tamareiras invadem o deserto, formando um oásis

O elegante Cedro do Líbano na paisagem marroquina

As amendoeiras na primavera exibem flores rosadas ou brancas

Plantação de oliveiras em Ouarzazate




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