O
Marrocos possui um território montanhoso, que é representado pelas montanhas do
Rife e pelas cadeias do Atlas, tendo a parte sul deste último delimitada pelo
deserto do Saara.
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Cadeias de Montanhas do Atlas (vermelho) - Foto: Wikipedia |
Depois
de sairmos de Marrakech, seguimos a antiga rota das caravanas e cruzamos as
montanhas da Cordilheira do Atlas, cuja extensão é de 2.400 km, abrangendo o
Marrocos, a Argélia e a Tunísia e separando o Oceano Atlântico do Saara.
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As montanhas do gigante chamado Atlas |
São
imensas montanhas, chegando a acumular neve nos cumes e flancos. Em certos
trechos, assume formas e cores diferentes: às vezes revela uma forma que parece
ter sido desenhada pelos dentes de um garfo imenso, às vezes apresenta
elevações mais baixas, exibindo pedras enormes equilibradas numa pequena área
do solo, nas cores verde, marrom, cinza, ocre, cobre, formando canyons,
contornando espelhos d’água, sustentando fontes, paredes de rocha nuas, às
vezes cobertas por vegetação. O Atlas é colossal!
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Montanhas do Alto Atlas |
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Ainda se vê um pouco da neve nos flancos que ficou do último inverno |
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Palmeiral aos pés do Atlas |
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Este túnel foi construído literalmente com as mãos, abrindo caminho dentro da montanha |
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No percurso pelas montanhas, vimos esta represa que controla as inundações do Rio Ziz |
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No alto das montanhas a neve resiste ao degelo da primavera no Médio Atlas |
Estivemos
no Lago Atlas, a mais de 1.000 m de altitude, no chamado Lago Atlas, e
testemunhamos a presença da neve ainda naquela primavera. Ela costuma perdurar até meados desta estação.
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Às margens do Lago Atlas |
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Fernanda segura uma bola de neve |
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Parece cobertura de chantilly em cima do bolo de chocolate... |
Contaram-nos
que, há mais de mil anos, a neve não derretia, porém hoje as neves deixaram de
ser eternas e só nos resta este breve espetáculo para vivenciá-las.
O
Marrocos possui riquezas minerais que são vistos como grandes promessas de
desenvolvimento para o país. Dentre eles está a prata que é o minério mais
importante do país, sendo até mesmo culturalmente valorizada. Neste aspecto em
particular, o uso das joias de prata é mais aceitável em termos de recato e
sobriedade do que as de ouro. Ao longo do percurso pelas montanhas do Atlas,
encontramos comerciantes de pedras e joias.
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Cerâmicas e metais marroquinos vendidos à beira da estrada (ou do precipício) |
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Pedras à venda em exposição |
As
gargantas do Todra formam um profundo canyon que corta a cordilheira do
Alto-Atlas.
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À caminho do canyon de Todra |
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Palmeirais na região do Todra |
O
rio Todra, que nasce nestas montanhas e acaba por desaparecer no deserto do
Saara, escavou este imenso desfiladeiro com paredes que podem chegar os 200
metros de altura.
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As imensas paredes das Gargantas do Todra |
O
que se vê, no entanto, é um pequeno fluxo de água acompanhando o caminho da
estrada, bem diferente do rio caudaloso que outrora deveria existir.
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O fluxo de água do Rio Todra que ainda permanece |
O
Vale do Todra é habitado por tribos berberes e inclui três aldeias. Na entrada
das gargantas, existem hotéis e restaurantes, para os que precisam de
hospedagem ou de parada para o descanso. Depois, termina o asfalto e o caminho
a seguir é longo, árido e pedregoso...
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Agradável recanto do Hotel Restaurante Kasbah Les Roches |
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Vista do Hotel Kasbah Les Roches dentro do canyon |
Durante
a viagem, tivemos uma pequena aula sobre os desertos. O Deserto do Saara possui
5 milhões de km² no sentido leste-oeste e 200 mil km² no sentido norte-sul. O
nome Saara significa “deserto” em árabe. As temperaturas variam entre -18º C e
52º C, isto é, à noite o deserto não consegue reter o calor verificado durante
o dia.
Os
desertos possuem três estágios: o de ramada, no qual vemos uma vegetação mais
pobre, com espécies que conseguem sobreviver às difíceis condições de
temperatura e umidade.
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A ramada é o primeiro estágio na formação do deserto |
A
fase de cascalho é quando estes predominam na paisagem, e a vegetação é quase
nula ou inexistente. Isto porque falta carbono no solo, para que possibilite o
necessário desenvolvimento da vida vegetal.
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A fase de cascalho se instala na paisagem estéril |
A
última fase é a de dunas, na qual ocorreu uma pulverização das rochas, dos
cascalhos existentes. Quando o deserto chega a este estágio, o fato é
irreversível. A areia não pode voltar a ser rocha...
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A fase de dunas é irreversível |
Algo já está sendo feito no Marrocos para evitar este último estágio, através de
plantio de espécies vegetais que introduziriam o carbono no solo, através de um
eficiente sistema de irrigação. Nos lugares onde havia florestas e que foram
cortadas as árvores por causa da extração de madeira, estão sendo plantados
outros exemplares no lugar das espécies nativas. Vemos, por exemplo, pelas altas montanhas
do Marrocos extensas áreas cobertas por pinheiros, lembrando um cenário
tipicamente europeu. Cito, ainda, as oliveiras plantadas ao longo do território
marroquino, que geram renda e protegem o solo da erosão.
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Nas montanhas do Marrocos encontramos uma espécie de pinheiro chamada Juniperus sabina, comum também na Península Ibérica |
Há
um quarto tipo de deserto que é o rochoso, existente na Argélia, país vizinho
ao do Marrocos. Nestas rochas, é comum serem encontradas pinturas rupestres.
As
espécies vegetais são outros atrativos na diversidade da paisagem marroquina. Destacam-se
as Azinheiras, nativas do norte da África, Tamareiras, Cedros, Amendoeiras
entre outras.
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Azinheiras do Alto Atlas desafiam os terrenos mais difíceis |
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Tamareiras invadem o deserto, formando um oásis |
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O elegante Cedro do Líbano na paisagem marroquina |
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As amendoeiras na primavera exibem flores rosadas ou brancas |
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Plantação de oliveiras em Ouarzazate |
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