DOIS PASSEIOS DE BARCO PELO RIO RENO
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Os vinhedos do Vale do Reno |
Este cruzeiro permite conhecer as cidades e castelos, a maioria destes em ruínas, ao longo do curso do rio. Do lado direito, os pertencentes ao Estado de Hessen e, do esquerdo, ao Estado da Renânia-Palatinado. O barco vai aportando em algumas destas cidades, para que os passageiros possam embarcar ou desembarcar. O que mais chama a nossa atenção no vale são os vinhedos plantados ao longo das costas escarpadas do Reno. Esta é uma maneira trabalhosa de se cultivar as uvas, dado que a inclinação não permite o emprego de qualquer tipo de máquinas. Por outro lado, os vinhedos recebem a insolação e a umidade necessárias para o cultivo, com o acréscimo da luz refletida pelo sol nas águas do rio, que aumentam a insolação consideravelmente.
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No Barco Asbach |
As primeiras viagens, pelo prazer de observar a beleza da região, remontam aos séculos XVII e XVIII. O Rio Reno atravessa quatro países – Suíça, França, Alemanha e Holanda e, por muito tempo, serviu aos propósitos da economia, da política e também das guerras, até que os poetas, os músicos e escritores alemães o descobriram, acabando por incentivar o turismo. Ao longo de seu trajeto, inúmeras cidades, castelos e fortalezas foram sendo construídos e, com ele, vieram as lendas de sereias, dragões, duendes e cavaleiros medievais. As lendas renanas tiveram a sua consagração nas óperas de Richard Wagner.
Passamos por inúmeras cidades, tais como Bingen, Lorch, Bacharach, Kaub, Oberwesel e Sankt Goar. Conhecemos Mäuseturm, a Torre dos Camundongos, sobre a qual existe uma lenda, e que foi construída dentro do rio em frente à cidade de Bingen. Servia como posto de recolhimento de pedágio aos navios que navegavam pelo Reno. Outra atração é Loreley, uma rocha no lado oriental do Reno, perto de St. Goarshausen, emergindo 120 m acima do nível da água, e marca a parte mais estreita do rio entre a Suíça e o Mar do Norte. Uma forte corrente e as rochas abaixo da superfície da água já causaram muitos acidentes aos barcos que por ali navegaram.
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A mítica Sereia Loreley (Foto: Internet) |
A rocha está relacionada com diversas lendas do folclore alemão. A mais conhecida é a de uma donzela que se joga no Reno em desespero diante de um amor sem esperanças, cuja voz chamaria os pescadores à destruição. Durante esta parte do percurso, ouvimos música clássica. Certamente tratava-se de uma ária de uma ópera de Wagner. O final do nosso trajeto neste primeiro passeio foi na cidade de Sankt Goar na Renânia-Palatinado.
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Todos a bordo! |
No segundo passeio, ao chegarmos a Bacharach, fizemos uma parada nas proximidades do píer de onde sairia o nosso barco, para realizarmos um passeio de barco pelo Reno, durante o qual estava previsto o nosso almoço. O percurso que realizamos chama-se Rota Nostálgica (Nostalgie-Route), que abrange os portos de Koblenz até Rüdesheim. O nosso barco chamava-se Goethe, que pertence à empresa Köln-Düsseldorf. Durante a espera pelo barco, que sairia às 13h e 30 min, na margem próxima ao nosso píer, num lugar acolhedor e tranquilo, eu tive a oportunidade de molhar as minhas mãos nas águas tranquilas e refrescantes do Reno, rio este que faz parte da identidade da Alemanha. Foi como retornar às origens, através neste gesto singelo e simbólico...
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Um brinde de Fernanda à Alemanha |
O nosso almoço durante a navegação foi memorável: com boa comida e um bom vinho branco da região do Reno! Da janela do barco, para o nosso deleite, tínhamos uma vista esplêndida do Reno, dos vinhedos situados às suas margens, das cidades que existem ao longo do rio e dos seus incontáveis castelos. Tanto de uma quanto da outra margem do rio, as surpresas se sucediam. Havia grupos de alemães que se divertiam efusivamente, situação que faz parte de um passeio descontraído e superinteressante.
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Almoço a bordo do Barco Goethe |
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Uma deliciosa sobremesa: Apfelstrudel! |
Cabe aqui fazer uma observação. As cidades da margem esquerda do Reno (ou à direita para quem navega para o sul) pertencem à região da Renânia-Palatinado, enquanto que as da margem direita do Reno (ou o lado esquerdo no barco para quem vai para o sul) pertencem à região de Hessen. Subindo o rio, na direção sul, passamos pelas ruínas do Castelo de Fürstenberg, pelos castelos reconstruídos de Heimburg e de Sooneck na margem esquerda (Renânia). Na margem direita, passamos pela cidade de Loch (Hessen). Novamente à esquerda, o Castelo de Reichnstein, que abriga um museu, e, mais adiante, o Castelo de Rheinstein, estes considerados Patrimônio Mundial pela Unesco, e que pertencem à cidade de Trechtingshausen (Renânia). Na margem oposta, passamos pela cidade de Assmannshausen, cujos vinhedos produzem quase que na totalidade o Pinot Noir, algo bem curioso, pois nos vinhedos das demais cidades das margens do Reno é produzido o Riesling. Um pouco mais à frente, vislumbramos as ruínas de Ehrenfels, nas encostas da montanha Rüdesheim.
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O Monumento de Niederwald e os vinhedos |
Já podíamos ver o famoso monumento de Niederwald que simboliza o restabelecimento do Império Alemão e a unidade da Alemanha, com destaque na figura alegórica de Germânia, segurando uma espada e uma coroa. Este monumento custou bem caro, por sinal.
A penúltima cidade, do lado da Renânia-Palatinado, foi Bingen, localizada na foz do rio Nahe, cidade perto de Dörrebach, de onde vieram os nossos antepassados. Tão longe e tão perto... Se fosse possível, poderíamos descer em Bingen e pegar um táxi para ir até lá, mas, em função do nosso compromisso com a excursão, isto não seria possível. Quem sabe algum dia... Perto de Bingen, num banco de areia, encontramos a famosa torre Mäuseturm, ou a torre dos ratos, cuja lenda reza que um bispo de Mainz foi comido por eles. Depois de cerca de uma hora, chegamos ao final do passeio em Rüdesheim.
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