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domingo, 28 de abril de 2013

Itália


A Itália está subdividida em 20 regiões administrativas. Durante as viagens realizadas, tive a oportunidade de conhecer a metade delas, ou seja, as 10 regiões mais turísticas do país. Espero conhecer as demais algum dia. Nesta postagem, descrevo brevemente as regiões visitadas. Ao final, há um vídeo de fotos que mesclam as paisagens e cidades percorridas, que incluiu também fotos do Estado do Vaticano.

CAMPÂNIA

O nome Campânia vem do latim e quer dizer campo ou campanha, e é uma região do sul da Itália, cuja origem remete aos etruscos e gregos. A Capital desta região é Nápoles, dividindo-se em cinco províncias. As paisagens diversificadas são a marca registrada deste ponto meridional, possuindo extensas colinas, planícies férteis, regiões montanhosas e um litoral magnífico. A famosa Costa Amalfitana é famosa no mundo todo. A arquitetura oferece estilos diversos como o romano, o normando (influência da França), o bizantino e o barroco. A cozinha também é muito diversificada e a culinária mediterrânea é a melhor opção do país sob o aspecto da saúde.


O magnífico litoral da Campânia

Embora a comida da região da Campania seja simples, ela é enriquecida com muitos temperos como alecrim, orégano, tomates secos, além da sardinha, do azeite de oliva, dos queijos mozzarella, provolone e ricota. Os vinhos mais famosos da Campânia, que remontam aos gregos, são: o Greco di Tufo, o Fiano di Avellino e o Taurasi.


EMILIA-ROMAGNA

Esta região do norte da Itália, banhada pelo Mar Adriático, foi formada por dois antigos estados papais que hoje compõem o seu nome. Formada por nove províncias, com cerca de 4 milhões de habitantes, nela não encontramos grandes regiões metropolitanas, porém cidades de menor porte, com grande importância histórico-cultural. Durante a Idade Média, as principais cidades da Emilia-Romagna eram dominadas politicamente por diferentes famílias e grandes cortes foram crescendo ao redor das mesmas. Emilia tem como Capital a cidade de Bologna e Romagna tem por Capital a cidade de Ravena.


A arquitetura e a natureza se encontram em Bologna
 

Quanto às características geográficas, é uma região de belos campos e planícies que se distribuem entre o Rio Pó e as montanhas dos Apeninos. A próspera agricultura se desenvolve às margens deste famoso rio, tendo a região fama de grande centro gastronômico. São produtos mais conhecidos o presunto de Parma, o queijo parmesão e o vinagre aromático, elaborado principalmente em Modena, que é envelhecido em barris de carvalho durante anos. São pratos famosos a Torta di Limone e o Spaghetti al Ragù, cujo molho é chamado por nós brasileiros de “à bolonhesa”. Na Emilia, a excelência está nos produtos de trigo e leite, além dos vinhos frisantes Lambrusco (da uva Lambrusco). Na Romagna, predominam os peixes e ervas, acompanhados do vinho branco de maior fama chamado Albana di Romagna.



LAZIO (LÁCIO)

O Lácio está situado entre os Montes Apeninos e o Mar Tirreno, incorporando na atualidade cinco províncias, totalizando 5,5 milhões de habitantes, tendo como Capital a cidade de Roma. O nome vem da palavra latus ou largo em latim ou Latium como era chamado. A sua história remonta ao século X a.C. e era habitado pelos etruscos e por tribos latinas. Segundo a mitologia, a união entre Enéias e a filha do rei dos latinos teria resultado no nascimento dos irmãos Rômulo e Remo. Rômulo matou o irmão e fundou uma aldeia no Monte Palatino que veio a se tornar Roma. Os romanos subjugaram os etruscos e os latinos, sendo estes incorporados a Roma. Na Idade Média, com a ascensão da Igreja, quando se fundaram inúmeros mosteiros, o Lácio tornou-se o centro dos mosteiros ocidentais e, mais tarde, veio a se transformar num Estado Papal.


Roma, a Capital do Lácio

Os quatro vulcões que hoje formam a paisagem do Lácio contribuíram para a fertilidade do solo, ensejando o cultivo produtivo de uvas, azeitonas, frutas e nozes. São usados na cozinha romana cogumelos, alcachofras, endívias e temperos como alecrim, sálvia e louro. Utilizam o queijo de leite de cabra, chamado de pecorino, e a ricota. O Spaghetti alla Carbonara e o Risotto alla Romana são conhecidos pratos tradicionais. A produção de vinhos remonta a 2 mil anos atrás, oriunda dos vinhedos ao redor das colinas de Roma. São produzidos os vinhos brancos, como o Frascati, mas os tintos são raros e costumam vir de outras regiões da Itália. A cerveja também é produzida, não deixando de mencionar que a água portável de Roma é digna de nota e o suco de laranja é muito consumido, além do café que dizem ser mais importante do que o vinho!


LIGÚRIA

A Ligúria é uma estreita faixa no noroeste da Itália, entre o mar e as montanhas dos Alpes Ligurianos. Está dividida, na parte oeste, na Riviera di Ponente, onde se situa San Remo e, na parte leste, na Riviera di Levante, onde se localiza Portofino, um dos mais estilosos balneários da Itália. Esta última riviera é muito acidentada, com a costa devotada ao Mar Ligúrico. Entre as duas rivieras, encontra-se a Capital que é Gênova. A região possui quatro províncias, com inúmeras comunas e 1,7 milhões de habitantes.


O antigo porto da Capital Gênova

A região produz frutas, olivas e também flores. Na culinária, sofreu influência da região francesa da Provence, por causa de sua proximidade. Assim sendo, a cozinha da Ligúria tem características próprias em relação às regiões italianas vizinhas. Por exemplo, utiliza a manteiga em lugar do azeite. Sendo a região noroeste produtora de arroz, o risoto aparece com destaque no cardápio, além de queijos da região, nozes, açafrão e manjericão, entre outras ervas. Os vinhos da região são o Moscato bianco, o Bianchetta Genovese e o Vermentino, dentre outros.


LOMBARDIA

A Lombardia é uma região do norte da Itália, com 9,5 milhões de habitantes - a mais populosa da Itália -, distribuídos em 12 províncias e em 1.546 cidades ou comunas, cuja Capital é Milão. A história da Lombardia é conturbada, com invasões, devastações e divisões. O nome vem dos Longobardi, nome que por sua vez vem do alemão Langbard, povo que em 568 invadiu a Itália e nela fez seu reino. Após, foi invadida pelos gauleses e pelos romanos. É uma região que apresenta montanhas e planícies de forma igualitária. Localiza-se na região da planície do Rio Pó, juntamente com outras três regiões. A Lombardia é a região mais fértil e rica da Itália, sendo ainda a maior região industrial e comercial do país. As especialidades culinárias são: polenta, Pizzoccheri, risoto, além dos queijos Gorgonzola, Grana Padano e o famoso Panetone.


O Castello Sforzesco conta a história do antigo Ducado de Milão


MARCHE

A região de Marche possui seis províncias e situa-se entre as montanhas dos Apeninos e o Mar Adriático. A palavra Marche é de origem alemã, significa margem ou fronteira e teve esta denominação na Idade Média. A Capital é Ancona. Possui praias muito procuradas, paisagens rurais com belos campos de papoula e oliveiras e cidades muito antigas. Na cozinha da região são especialmente citadas as trufas, os salames e os presuntos. O vinho branco e seco Verdicchio é o mais conhecido.


Urbino uma importante cidade na história da região de Marche


PIEMONTE

O Piemonte é uma região do noroeste da Itália, ao sul de outra bela região chamada Vale D’Aosta. O nome vem de Piede dei Monti que quer dizer “pés dos montes”. Os Alpes protegem as suas planícies férteis, onde vicejam, entre outras culturas, campos de arroz e cereais. Ao sul, suas montanhas estão cobertas por vinhedos que resultam nos melhores tintos da Itália: o Barolo e o Barbaresco. Além destes, o espumante Asti também se destaca, não esquecendo que o Campari, acompanhado dos grissini como tira-gosto, que nasceu no Piemonte. Na culinária destacam-se as trufas brancas que crescem no solo argiloso da região.


A bela região piomontesa

No passado, a região fez parte do Principado de Savóia, onde se falava a língua francesa e tal fato veio a influenciar o dialeto local. No século XVI, passou a fazer parte da Itália e teve um importante papel no chamado “Risorgimento”, quando a Itália foi unificada pelo poder do rei do Piemonte. Compreende 8 províncias, tendo como Turim a sua Capital.


TOSCANA

A Toscana é uma belíssima região localizada no centro-oeste da Itália, detentora de 10 províncias e 287 comunas. A Capital é Florença. Ao descrever as suas paisagens bucólicas, vem-me à mente as obras pictóricas dos artistas arrebatados por esta magnífica região: colinas suaves e verdejantes, por vezes montanhas escarpadas, estradas estreitas e sinuosas pontilhadas por ciprestes, bosques de oliveiras, campos de trigo, vinhedos, papoulas vermelhas, girassóis, casas rústicas de pedra, vilarejos renascentistas, cidades medievais, caminhos que adentram e ultrapassam o horizonte... Embora uma boa parte da região mantenha esta feição rural, a Toscana também possui belas costas banhadas pelo azul do Mar Tirreno.


Vista da Capital Florença

Além de visual, a Toscana também inquieta os nossos outros sentidos, oferecendo a melhor comida e os melhores vinhos do país. Há aromas e paladares de trufas, cogumelos, castanhas, olivas, queijos, condimentos como o açafrão, massas, vinhos como o Chianti... Sem esquecer o sentido que nos remete à música, lembrando Giacomo Puccini, nascido em Lucca, através da Tosca e de Madame Butterfly. A História e a Arte são, porém, os seus maiores tesouros, conseguindo mantê-los bem preservados. Quanto à sua remota origem, o povo etrusco foi o primeiro que se estabeleceu entre os anos de 1200 a 700 a.C. no atual território da Toscana, um povo próspero que vivia à frente de seu tempo. A Etruria era formada por cidades-estados e teve grande influência sobre os romanos em diversas áreas, até ser absorvida pelos mesmos no ano 100 a.C. Os sacerdotes etruscos previram que a sua civilização existiria por 1000 anos e foi o que realmente aconteceu. Diz-se que os etruscos ensinaram os franceses, na época os gauleses, a beber o vinho. Será mesmo verdade?


ÚMBRIA

A Úmbria está situada no coração da Itália, formada por apenas duas províncias e é a menor do país, com cerca de 900 mil habitantes, distribuídos por 92 cidades ou comunas. A Capital é Perugia. É a única região da Itália que não é banhada pelo mar. A maior parte de seu território é montanhoso e apenas uma pequena parcela é formada por planícies. No começo de sua história, viviam na região os úmbrios, cuja cultura posteriormente foi absorvida pelos etruscos e, mais tarde, pelos romanos. A economia é baseada na indústria, agricultura, artesanato e turismo. As paisagens encontradas na região italiana da Úmbria possuem certa semelhança com as da Toscana, dada a sua proximidade geográfica. Por esta razão, pode-se afirmar que é igualmente bela...


As paisagens da Úmbria são maravilhosas

VÊNETO

O Vêneto é uma região no nordeste da Itália com quase cinco milhões de habitantes, formada por sete províncias e tem como Capital Veneza. É a região mais visitada da Itália. Estima-se que 60 milhões de turistas de todo o mundo a visitem. Possui um patrimônio histórico, cultural e arquitetônico que é muito importante e rico. A língua vêneta, um dialeto falado além do idioma italiano, é conhecida como talian nas zonas vinícolas do Rio Grande do Sul. Do período de sua anexação ao Reino da Itália até a Primeira Guerra Mundial, ocorreu uma intensa emigração do Vêneto para países como o Brasil e, após a Segunda Guerra Mundial, houve uma nova onda emigratória.


Veneza, a eterna Capital do Vêneto

 







sábado, 27 de abril de 2013

Itália - Verona


Verona e o Rio Ádige

Saindo de Bergamo, seguimos viagem pelo Vale do Rio Pó, até a cidade de Verona, banhada pelo Rio Ádige, que deságua no Mar Adriático, e que se situa a 30 km do Lago de Garda, que é o maior lago da Itália. Verona é a segunda cidade mais populosa da região do Vêneto e tem grande importância histórica e econômica. Acredita-se que tenha sido fundada pelos celtas, tornando-se depois uma colônia romana de nome Augusta que, na época medieval, veio a se tornar uma importante cidade-estado. Foi submetida à República Veneziana até a chegada de Napoleão que, como esta, passou à dominação austríaca até a unificação alemã. Verona possui um extenso tesouro de arte e arquitetura de diversas épocas históricas. Foi sede de uma escola pictórica em que se destacou Paolo Veronese.


A Arena de Verona

O centro histórico encontrava-se bem movimentado, quando chegamos a Verona. Descemos do ônibus e passamos pela Arena, um anfiteatro construído pelos romanos no Século I d.C. Ela é palco de grandes eventos, parecendo-se muito com o Coliseu, e fica próxima a Piazza Brà, com seus aprazíveis cafés com mesas à sombra.


 
A Via Mazzini

Percorremos a Via Mazzini, uma rua de compras que era o caminho para a nossa próxima atração: a mais aguardada visita, que seria feita no nº 27 da Via Capello, a casa de Julieta, em cujo cenário procura-se recriar o período medieval em que teria ocorrido a história.


Julieta no pátio de sua casa

O pequeno museu apresenta móveis, utensílios e roupas da época medieval. Não faltam o busto de Shakespeare na entrada para recepcionar os visitantes e duas lojas para compra de souvenires para os eternos apaixonados. As fotos obrigatórias para os turistas são as da sacada e junto à estátua de Julieta, que é apalpada sem descanso.


A famosa sacada de Julieta

O quarto de Julieta

As roupas daquela época eram mesmo bacanas

Na entrada da vila de Julieta, há inúmeras inscrições nas paredes, sendo difícil encontrar atualmente um espaço disponível para escrever. Ali perto, as ruas com calçamento de mármore rosa e bege já gastos pelo tempo de uso, levam a Piazza Erbe, que se situa no centro de Verona, cheia de bancas movimentadas, como era no tempo do antigo mercado de ervas da cidade.


A Piazza Erbe

Verona é conhecida pela exibição de óperas famosas. O Festival de Ópera de Verona realiza-se na Arena já mencionada. Quando lá estivemos, estava em apresentação a ópera Aída de Verdi, ocasião em que pudemos admirar uma parte do cenário egípcio nas proximidades do anfiteatro. É fácil encontrar nas lojas de Verona DVDs de óperas, assim como os libretos destas. Trouxe apenas um DVD da ópera La Traviata, cujas músicas de Verdi são excepcionais.


Uma estátua do cenário da Ópera Aída

Verona é uma cidade encantadora, e deve ser incluída no roteiro de qualquer viagem à Itália.


Na Piazza Brà





Itália - Vernazza


Verão em Vernazza

Este pequeno vilarejo de Cinqueterre, na região da Ligúria, tem apenas 1000 habitantes, e é bem freqüentado pelos turistas. As ruas de Vernazza são ligadas por degraus. Saindo de La Spezia, passamos pelas cidades de Riomaggiore, Manarola e Corniglia, chegando depois de 20 minutos a Vernazza. Lá desembarcamos. Esta cidade, situada num promontório, é a quarta das cinco cidades ou “terras” da região de Cinqueterre. A quinta e última chama-se Monterosso.


A descontração mora em Vernazza

Vernazza é uma pequena cidade costeira, tipicamente italiana. O litoral, como em toda a região, possui costas escarpadas, praias e atracadouros para barcos de turismo e de pesca. Perfilam-se pelas ruas estreitas pequenas e alegres casas coloridas, pontos de comércio e restaurantes simpáticos. No almoço, saboreamos um prato de frutos do mar em um restaurante perto da praia, tendo à nossa frente uma paisagem de postal. Lembro-me que um robusto gato cinza, destes “petisqueiros” profissionais, alimentados pelos turistas, veio receber a sua porção de almoço à nossa mesa... No meio da tarde, pegamos o trem para Levanto.


Fernanda em Vernazza





quinta-feira, 25 de abril de 2013

Itália - Veneza


A bela cidade de Veneza   

Conhecida por seus canais e pela Catedral de São Marcos, Veneza tornou-se uma grande potência comercial desde o século X, possuindo uma das maiores frotas da Europa. Sua prosperidade veio com as Cruzadas e, no século XIII, dominava grande parte do Império Romano, e assim permaneceu até a chegada de Napoleão, quando a dissolução da cidade-estado veio a ocorrer em 1797. Posteriormente, passou ao domínio austríaco até a unificação da Itália. Veneza encontra-se edificada em 118 ilhas ligadas por centenas de pontes e divide-se em seis distritos, ou sestieri, três de cada lado do Grande Canal.


Chegando à Veneza

Saindo do nosso hotel em Mestre, seguimos para a Piazzale Roma, passando pela Ponte della Libertà, até Tronchetto, de onde partem os ferry, vaporetti e motoscafi (lanchas). O passeio pela Laguna Veneta sempre emociona e encanta... Estivemos em Veneza por duas vezes, sempre no mês de agosto, uma época de intenso calor e de um número excessivo de turistas. Desembarcamos no Canal de São Marcos, no distrito de Castello, em frente à Ilha de San Giorgio Maggiore e caminhamos pela Riva degli Schiavoni, para nos encontrar com a guia de turismo local. Veneza é encantadora e nos remete à fantasia dos bailes de máscara e dos percursos de gôndola através de seus misteriosos e românticos canais.


A Praça de São Marcos em frente à Basílica sempre repleta de turistas

O Campanille, a torre mais alta de Veneza - na verdade foi reconstruída em 1912, pois a antiga praticamente ruiu - foi concebida para ser ao mesmo tempo a torre do sino da Basílica, um farol para os navios e um posto de vigia do porto. Ali perto, está a Torre dell’Orologio, em ouro e esmalte azul que data de 1499 e é famosa pela inscrição em latim que diz: “eu só conto as horas felizes”. O relógio também marca a hora, o dia, a fase lunar e a marcha dos dozes signos do horóscopo através do ano.


O campanille na Praça de São Marcos

A Torre do Relógio

A Basílica de São Marcos é magnífica e imponente, com belos detalhes preciosos e únicos, como os mosaicos, os entalhes, os cavalos que se encontram no balcão, os domos e tantos outros. Fizemos uma visita em seu interior pelas facilidades reservadas aos grupos, pois a fila de visitantes comuns é imensa... O Palácio Ducal ou o Palácio dos Doges de Veneza é, sem dúvida, o prédio mais representativo do estilo gótico veneziano, uma mistura do gótico propriamente dito, do bizantino e do islâmico. Possui uma história temporalmente muito extensa e cheia de glórias, como também de dificuldades, tais como incêndios, demolições e modificações parciais em suas características originais. Atrás dele, projeta-se a Ponte dos Suspiros que se encontrava rodeada de andaimes, motivo pelo qual a sua beleza não pode ser devidamente contemplada. O nome da ponte, embora sugira um devaneio romântico, foi dado por causa dos suspiros e lamentações dos condenados à prisão que passavam por ela saídos do Palácio.


Detalhe da fachada da Basílica de São Marcos

A Ponte dos Suspiros envolta por tapumes artisticamente planejados e executados

Mais tarde, fomos apresentados à técnica do “soprado”, na elaboração dos cristais de vidro de Murano. A loja que recebeu o nosso grupo continha várias salas interligadas, com toda a sorte de vasos, adornos, objetos, lustres e espelhos de cristal, com preços nada convidativos na sua maioria.


A técnica do vidro soprado

Peças de cristal de vidro Murano

O nosso primeiro passeio de gôndola foi memorável, embora eu tivesse receio de entrar naquela embarcação estranha que, em minha opinião, balançava demais. O nosso grupo ficou dividido entre oito gôndolas e, para cada grupo de quatro, havia sido contratado um tenor e um gaiteiro. Tivemos a sorte de tê-los em nossa gôndola. Assim, deslizamos pelos canais, com espumante e copos de plástico a bordo e ao som de músicas italianas, como Volare, sob “um céu azul pintado de azul” que muito nos emocionou. De origem e simbologia misteriosas, a embarcação negra, com adornos de prata, cadeiras baixas estofadas com veludo vermelho, lembrava os antigos barcos do Egito ao longo do Nilo. O barqueiro, com a tradicional camisa listrada e o chapéu de copa larga, displicentemente colocado de lado, se equilibrava utilizando um remo só, com muita destreza e segurança. Desembarcamos deste sonho e, depois de andarmos por várias ruas com inúmeras lojas de toda a sorte de artigos, fomos almoçar em um restaurante indicado pelo nosso guia, num daqueles lugares que somente ele conseguiria achar.


Pelos canais de Veneza

Fernanda passeando de gôndola, quando retornamos à Veneza noutra viagem

A Ponte de Rialto, a mais bonita e representativa de Veneza

Após andar por um bom tempo, fugindo do calor e da multidão, entrei numa rua estreita e calma, perto do ponto de encontro, que foi dar no Campo Bandiera e Moro. Campo significa um espaço aberto rodeado de edifícios, uma espécie de praça na linguagem dos venezianos. Nele descobri uma pequena igreja que me pareceu ser um achado providencial para descansar as pernas e fugir do calor. Entrando na igreja, veio até a mim o som da inconfundível música de Vivaldi que ali estava sendo reproduzida e foi uma benção que me invadiu o espírito, devolvendo-me a paz, o alívio e o reconforto. Esta é uma grata lembrança de Veneza, como se fosse um presente de grande valor e que foi achado ao acaso. Quando voltei ao Brasil, descobri que se tratava da Igreja de San Giovanni Battista in Bragora, a paróquia de Antonio Vivaldi. A pia, onde ele se batizou, se encontra logo na entrada, à esquerda. A Igreja possui pinturas renascentistas importantes e o famoso retábulo do Batismo de Cristo.                                                               


A Igreja de San Giovanni Battista in Bragora, a paróquia de Antonio Vivaldi

Como não tinha noção de onde estava naquela hora, não pude observá-la sob o ponto de vista artístico e histórico como deveria, mas, sim, de outra forma, através de uma linguagem divina e intemporal através da música. Ao final, quando já ia embora, o padre entregou às poucas pessoas que ali estavam um cartão que continha os seguintes dizeres: “Encontrar-se com Veneza e suas raízes cristãs significa descobrir uma cidade da humanidade. Fala espontaneamente aos homens e mulheres de qualquer idade, cultura e religião. É o milagre de sua beleza, não uma simples experiência estética”.


Os músicos do Caffè Florian

Após algum tempo, voltamos à Piazza e ouvir os músicos do Caffè Florian, o mais antigo da Itália, “Il luogo dove Venezia e il mondo si incontrano”, freqüentado por Goethe, Proust e Byron, local este em que as boas compras também foram possíveis: o perfume Acqua Admirabilis, que evoca os bailes de máscara de Veneza e o Tè Venezia, para servir na hora do chá de alguma tarde especial que evoque reminiscências venezianas...


As verdadeiras máscaras feitas por artesãos de Veneza são belíssimas

Lembranças de Veneza? Além de alguns souvenires, cintilam pelos canais da memória as imagens de máscaras, cristais, rendas, mármores, canais e gôndolas, pontes, jóias, espelhos e a fascinante arquitetura veneziana. No final da tarde, embarcamos em direção a Mestre e ao nosso hotel, pois, na manhã seguinte, iríamos para a cidade de Pádua, deixando Veneza para trás, cada um de nós levando uma parte dela dentro de si e que foi vivida à sua maneira, cada qual com a sua peculiar percepção de vê-la e de senti-la...


Arrivederci, Venezzia!





domingo, 21 de abril de 2013

Itália - Urbino


No alto, o Palazzo Ducale de Urbino


Urbino foi um importante centro cultural da Europa no século XV e seus prédios ainda revelam o esplendor daquela época. Nela, situa-se o mais belo palácio renascentista construído neste século - o Palazzo Ducale - por ordem de Frederico di Montefeltro que foi um soldado mercenário, que fez fortuna com o seu ofício nada honroso. Em Urbino, nasceu o pintor Rafael.


A Piazza Duca Federico

Entramos na região italiana de Marche e chegamos finalmente a Urbino, a única cidade da região incluída naquele roteiro. Nesta cidade tipicamente medieval, a atração mais importante é a casa natal de Rafael, que lá viveu até os 14 anos de idade. Como a casa estava em reformas, a sua fachada estava coberta por tapumes, e esta não pôde ser apreciada. No seu interior, funciona um museu, onde não é permitido fotografar.


A entrada da casa do pintor Rafael

A cidade está cercada por grandes muralhas, construídas em elevações consideráveis e foi declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Possui inúmeras faculdades, lojas comércio, restaurantes e cafés. A Igreja, o Duomo, é uma atração imponente, embora digam que o estilo neoclássico de sua fachada não agrade a muitos...


O Duomo de Urbino