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segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Polônia - Czestochowa


A Virgem Negra no Santuário de Jasna Góra em Czestochowa

Situada ao sul da Polônia, na região da Silésia, Czestochowa (pronunciada como tchestokôva), localiza-se às margens do Rio Varta. A cidade é famosa pelo Mosteiro de Jasna Góra (Monte Claro), o maior centro religioso católico da Polônia. Peregrinos de todos os cantos do país o visitam, para venerar a imagem milagrosa da Virgem Negra, a Nossa Senhora de Czestochowa, a padroeira da Polônia.


Visita ao Santuário de Jasna Góra

Pórtico onde se lê a frase: Santo Padre João Paulo II

Detalhe da entrada principal da Basílica, tendo ao fundo parte da torre

Entrada da Basílica

O interior da Basílica é belíssimo!

O Altar Principal

No alto, o magnífico órgão

Há diversas explicações para a origem deste ícone. A imagem teria sido danificada pelos invasores hussitas (movimento que surgiu na Boêmia e que, mais tarde, se uniu à Reforma Protestante) em 1430. As tábuas em que estava apoiada a pintura se quebraram, o que ocasionou os dois cortes existentes no rosto da Madona. Como os restauradores medievais não tinham um bom conhecimento sobre a adequada restauração da obra, as tintas usadas por eles acabaram por danificar a imagem. Então, eles tiveram que apagá-la, redesenhá-la, refazendo depois a pintura, o que explica a cor escura da Virgem e o Menino Jesus representados no quadro.


Celebração realizada durante a visita à Capela da Virgem Negra

Reza a lenda, porém, que a imagem foi pintada por São Lucas, numa mesa de cedro, que havia na casa da Sagrada Família. Depois, a imagem ‘peregrinou’ por Jerusalém, Constantinopla, Belz na Ucrânia e, finalmente, foi trazida por Wladysław, do Castelo de Belz, para Czestochowa, quando este teve um sonho determinando que deveria deixá-la nesta cidade. Os historiadores dizem que o quadro bizantino foi pintado entre os Séculos VI e IX, e que o príncipe Wladyslaw trouxe para o Mosteiro no Século XIV. Com o passar do tempo, foram acrescentados elementos decorativos, como ouro e pedras, que deram a aparência atual do quadro, porém percebe-se nitidamente que muito pouco restou da intrigante pintura original, além dos rostos e das mãos.

À Virgem Negra é atribuída a vitória dos 70 monges e 180 voluntários locais sobre os invasores suecos, que somavam 4 mil, no ano de 1655. A resistência ao cerco foi bem sucedida, o qual durou 40 dias, graças à proteção de Nossa Senhora. Comemora-se a festa de Nossa Senhora de Czestochowa no dia 26 de agosto.


Objetos e muletas são oferecidos pelos fiéis como agradecimento pelos milagres recebidos da Virgem Negra

Objetos adornam as paredes como agradecimentos pelas graças e milagres alcançados


sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Polônia - Cracóvia


A Praça do Mercado no Centro Histórico de Cracóvia

Cracóvia, capital da região administrativa da Pequena Polônia, situa-se ao sul do país, às margens do Rio Vístula. É uma bela cidade, com um respeitável fluxo turístico. Foi fundada por um sapateiro chamado Krak, por volta de 1700, tendo este se tornado o primeiro rei do país. No Século XIII, Cracóvia foi invadida e devastada pelos mongóis, oriundos da Ásia Central. Depois, fez parte da Áustria em determinados períodos, que se inseriram entre os Séculos XVIII e XX. Um personagem ilustre, que viveu nesta cidade, foi o Papa João Paulo II. Ele se tornou bispo e, mais tarde, arcebispo de Cracóvia, antes de se tornar o Sumo Pontífice. 


Cracóvia situa-se às margens do Rio Vístula

A primeira lembrança que me vem à mente é a da Praça do Mercado, cuja existência remonta ao Século XIII. É uma das maiores praças medievais da Europa. No seu entorno, perfilam-se diversos prédios históricos e igrejas, construídos nos estilos gótico, barroco e renascentista. 


A imponente estátua de Adam Mickiewicz, o grande poeta e escritor polonês, à frente do Mercado Cloth Hall

No centro da praça, encontra-se o Cloth Hall, um prédio renascentista e neogótico, com belas arcadas e portais ogivais, que, no passado, foi um importante centro comercial internacional. 


A entrada principal do Mercado

Atualmente o Mercado contempla o comércio de lembranças turísticas e produtos em geral, mas há espaços para arte, uma galeria e um museu, este ligado ao Museu de História de Cracóvia. Na parte térrea, as lojas se sucedem uma após outra, dispostas numa longa galeria, uma festa para os olhos dos turistas! O Cloth Hall é, sem dúvida, um dos ícones da cidade. 


As lojas do Mercado, com sua grande variedade de mercadorias, é um convite às compras

Perto dali, vemos a Town Hall Tower, a única parte que restou do antigo Palácio da Câmara Municipal, que foi demolido em 1820, para ampliar a área do mercado.


A Town Hall Tower ou a Torre da Prefeitura

Numa das extremidades da praça, está a pequena Igreja de São Adalberto (esq.), uma graça de templo no estilo barroco, do outro lado do Cloth Hall

Na Praça do Mercado, podemos apreciar a famosa escultura em bronze chamada Eros Vendado, uma obra de Igor Mitoraj

Junto à fonte, em frente à Igreja de Santa Maria, podemos fazer uma pausa para apreciar por alguns instantes o vai-e-vem dos turistas e dos locais no movimentado centro de Cracóvia

Artistas locais na Praça do Mercado

Situada na Praça do Mercado, a Igreja de Nossa Senhora ou de Santa Maria se destaca pela imponência de suas torres. A primeira igreja ali erigida foi destruída durante a invasão dos mongóis no Século XIII. No ano de 1300, a igreja renasceu no estilo gótico, porém conservando as bases do antigo templo. Entre 1355 e 1365, a igreja foi totalmente reconstruída, mas sofreu reformulações ao longo do tempo, que se estenderam até o Século XIX. Hoje a igreja contempla o estilo gótico e o barroco. Para fotografar o interior, mas sem flash, podemos pagar uma taxa, sendo que nos é fornecido um adesivo para ser colado na roupa, possibilitando circular com a câmera fotográfica sem problemas.


A imponente Igreja de Santa Maria

Uma curiosidade desta igreja é o trompetista que toca, no alto da torre mais alta, uma música tradicional polaca, a Hejnał mariacki, tocada de hora em hora, sendo transmitida via rádio a todo o país na hora do meio-dia. Esta tradição vem da lenda de um trompetista, a sentinela da torre, que, no século XIII, avisou a cidade sobre a invasão dos tártaros, um grupo étnico turcomano. Ele tocou nas quatro direções da cidade, dando tempo para prepararem a defesa, até que uma flecha atirada contra a sua garganta interrompeu o alerta, porém a cidade estava salva. A tradição, que se mantém até hoje, faz com que, a cada hora, seja tocado o trompete quatro vezes, sendo a música interrompida no momento que corresponderia à morte da sentinela. Considerando que a escadaria possui 239 degraus, a tradição deve exigir fôlego do trompetista...


Detalhe da fachada lateral da Igreja de Santa Maria

O Collegium Maius, que significa Grande Colégio, é o edifício mais antigo da Universidade Jagiellonian de Cracóvia.


Conhecendo o Collegium Maius em Cracóvia

Pátio do Collegium Maius

A Akademia krakowska, instituição que antecedeu a Universidade, mudou-se no ano de 1400 para um novo prédio cedido pelo Rei Ladislau II. No final deste mesmo século, as instalações da Universidade foram reconstruídas no estilo gótico, em torno de um pátio contornado por arcadas. Foi nesta Universidade que estudou Nicolau Copernico, um ilustre filho deste país.


Neste local os alunos participavam de aulas e cursos da Universidade


Durante a visita à cidade, paramos diante da placa comemorativa dos estudos poloneses de Karol Wojtyla, o Papa João Paulo II, nos anos de 1938 e 1939, que se encontra na fachada da Faculdade de Estudos Poloneses da Universidade Jagiellonian em Cracóvia

Depois de percorrer esta parte do centro histórico, fomos até a Colina Wawel, onde se encontra o Castelo e a Catedral. 


Antes de ir ao Castelo Real, percorremos o Planty Park, composto por 21 hectares de jardins, os quais foram construídos entre 1822 e 1830, para substituírem os antigos muros da cidade que estavam muito degradados

A Rota ou Via Real era o caminho seguido pelos reis poloneses que iriam ser coroados. O início da rota era na Igreja de São Floriano, passando depois pelo portão de mesmo nome. Em seguida, entravam na cidade antiga, trajeto este que, nos dias de hoje, coincide com os restos das antigas muralhas da cidade. Depois, os reis atravessam o centro histórico, seguindo até o destino final: o Castelo gótico de Wawel.


Chegada ao Castelo Real no Monte Wawel

No Castelo Real, viveu a maior parte dos reis da Polônia. Inicialmente, era uma fortificação de madeira, mas, no Século XIII, foi substituído por uma construção em pedra. Ao longo dos séculos, o Castelo sofreu várias remodelações. 


Estátua equestre de Tadeusz Kościuszko, um herói nacional da Polônia, general e líder da revolta contra o Império Russo em 1794

No muro que cerca o castelo, encontramos diversas placas com nomes de pessoas ou famílias de todo o mundo, que contribuíram para a reconstrução do Castelo Real, inclusive do Brasil, como a de Wladyslaw Kaminski, da cidade de Guarapuava, no Paraná (ao centro, a placa mais escura)

Percorrendo as ruelas que levam à entrada da Basílica de São Wenceslau

No caminho, encontramos a estátua de João Paulo II

A Catedral de Wawel com as capelas de Sigismundo (cúpula dourada), que abriga os túmulos de Sigismundo I e II, além de Anna Jagiellon, a Rainha da Polônia e, no lado esquerdo, a Capela da Dinastia de Vasa

A Catedral de Wawel ou Basílica de São Wenceslau e de São Estanislau foi o local de coroação dos monarcas poloneses. Wladislaw I da Polônia foi o primeiro monarca a ser ali coroado. O antigo prédio foi construído no ano 1000, quando foi instituído o bispado de Cracóvia. Após a sua destruição, este foi reconstruído no Século XII e, no Século XIV, a igreja foi restaurada no estilo gótico de tijolos, após a ocorrência de um incêndio. 


A porta de entrada da Catedral na fachada oeste

Dentre os sepultados na Catedral estão reis, nobres e um Presidente, que faleceu após um acidente aéreo. A Capela de São Sigismundo, construída entre 1519 e 1933, destaca-se como uma das peças mais notáveis da arquitetura de Cracóvia. O Papa João Paulo II celebrou sua primeira missa como sacerdote neste templo em 02/11/1946. Para variar, como é proibido fotografar dentro do templo, contrariei as santas ordens, realizando esta singela foto:


Capela dedicada ao Papa João Paulo II na Catedral de Cracóvia

Perto do Castelo, na Rua Kanonicza, encontramos uma das casas onde João Paulo II viveu  de 1951 a 1963 em Cracóvia, e que foi transformada no Museu Arquidiocesano.


A casa da Rua Kanonicza foi transformada em Museu

Cada vez que João Paulo II voltava à Cracóvia, ele fazia a sua saudação na ‘janela papal’ deste prédio, localizado no nº 3 da Rua Franciszkańska

A Igreja de Santo André é um exemplo de templo no estilo românico, construído entre 1079 e 1098

Na Igreja de São Pedro e São Paulo casaram-se os pais de Carol Wojtyla, o Papa João Paulo II

O Nowa Prowincja é um café de tradição literária e artística, freqüentado por literatos e artistas poloneses. O chocolate quente dizem ser o melhor de Cracóvia

Cracóvia possui muitos museus, dentre eles o Museu Nacional, estabelecido em 1879, que é o ramo principal do Museu Nacional da Polônia, que apresenta uma rica coleção em seu acervo. Na fachada, vemos uma reprodução da pintura A Senhora do Arminho, de Leonardo da Vinci

O Palácio Wielkopolski, no estilo renascentista, foi construído no Século XVI

Nos antiquários é possível aprender um pouco mais sobre a história e a cultura de um país

Lindas cerâmicas com motivos poloneses encerram esta postagem - Cześć!


segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Polônia - Auschwitz II - Birkenau


Chegada a Oświęcim, ou Auschwitz em alemão, com destino a Auschwotz II-Birkenau

Auschwitz era o nome de uma rede de campos de concentração na Polônia, que foram implantados pela Alemanha nazista, durante a Segunda Guerra Mundial. O nome em alemão Auschwitz foi dado à cidade de Oświęcim, no sul da Polônia, a 60 km de Cracóvia, a região da Pequena Polônia. O complexo consistia de Auschwitz I, composto pelo campo principal e o centro administrativo, Auschwitz II-Birkenau, o campo de extermínio, e Auschwitz III-Monowitz, um campo de trabalhos forçados, além de outros campos satélites, que somavam 48 campos na sua totalidade. Na entrada de Auschwitz I, no portão principal, onde está escrita a cínica frase ‘Arbeit macht frei’ ou ‘O trabalho liberta’, um sentimento de tristeza e indignação assalta a mente dos visitantes, porque, para milhões de pessoas, uns dizem que chegou a três milhões, representou o portal de um caminho sem volta. Entre 1941 e 1944, poloneses, prisioneiros soviéticos, ciganos romenos, judeus e pessoas das mais diversas nacionalidades, quando não morriam nas câmaras de gás, pereciam pelas doenças, fome, execuções, trabalhos forçados, ou participavam de ‘experiências’ médicas, uma forma de tortura absolutamente diabólica.


O principal edifício de vigia onde se encontra a porta do campo de Auschwitz II-Birkenau

A porta principal, onde vemos abaixo os trilhos do trem que era usado no transporte de deportados a partir de 1944, pois antes os comboios paravam no lado de fora deste campo

Estes trilhos eram percorridos pelos vagões que transportavam os prisioneiros para o campo de concentração

Nossa visita foi direcionada a Auschwitz II-Birkenau, o campo de extermínio que fez mais vítimas. Birkenau vem do nome de uma pequena vila chamada Brzezinka, que foi destruída para dar lugar ao campo de concentração.


Na entrada há um painel com o mapa do campo de concentração

Para lá seguiam os trens procedentes de toda a Europa repletos de prisioneiros. Todos eram obrigados a trabalhar na fábrica de armas seis dias por semana, sendo o sétimo dia reservado para a limpeza e o banho.


Os painéis com fotos revelam que os barracões de prisioneiros nesta parte do campo foram construídos em madeira. Na sua maioria, permaneceram apenas as chaminés construídas em tijolos. Atrás desta cerca elétrica, os prisioneiros cavaram uma vala de drenagem, que é mostrada na foto

No interior de um dos barracões, onde vemos a chaminé para aquecimento

Ao fundo, à direita, vemos uma seqüência de barracões de prisioneiros construídos em madeira, que foram restaurados, posto que, na sua maior parte, foram queimados pelos nazistas antes do final da 2ª Guerra

Os prisioneiros trabalhavam com pouca alimentação e sem condições higiênicas, o que levava à alta mortalidade destes. Alguns eram levados às celas ‘especiais’, onde eram mantidos em condições desumanas, até que um dia uma nova experiência trouxe a ideia de extermínio em massa: um gás letal que matou 600 prisioneiros de uma só vez num porão. Seguiu-se, então, a construção de uma câmara de gás e de um crematório, adaptados num bunker. Depois, outros crematórios foram preparados para serem usados como câmaras de gás, cujas vítimas após eram transferidas para os fornos.


As ruínas do Crematório IV que foram explodidas na revolta de Birkenau em 07/10/1944 – Foto: Wikipédia - Diether

Em 27/01/1945, ocorreu a libertação dos campos pelos soviéticos e o governo de Polônia transformou Auschwitz num museu em 1947, aberto à visitação pública. Em 2002, a Unesco declarou Anschwitz como Patrimônio da Humanidade. No antigo campo, podemos encontrar as ruínas dos fornos crematórios, câmaras de gás e prédios preservados. A primeira câmara de gás, que foi usada como abrigo antiaéreo pelos nazistas, teve a sua restauração efetuada após a guerra. Dentre as exposições, para quem vai a Auschwitz I, estão uma infinidade de sapatos e objetos dos prisioneiros e uma vitrine com cabelos cortados antes de irem para as câmaras de gás ou a trabalhos forçados. Sem dúvida, Auschwitz deixou recordações de viagem impactantes, para serem lembradas para sempre. 


A livraria ou bookshop do complexo de Auschwitz II-Birkenau

Área de alimentação e livraria do campo de concentração Auschwitz-Birkenau