UMA AVENTURA NUM TREM ITALIANO
Cinque Terre corresponde a uma parte da costa rochosa da Província de La Spezia , na região italiana da Ligúria, compondo-se de 5 vilarejos, que se encontram “pendurados” nos penhascos: Riomaggiore, Manarola, Corniglia, Vernazza e Monterosso al Mare. Cinque Terre deve ser percorrida de trem, porque viajar de carro é impraticável.
Na estação de trem de La Spezia |
Na estação da cidade de La Spezia , embarcamos no trem com destino à Vernazza, através de longos túneis e belas paisagens da costa de Cinque Terre. A área se manteve isolada ao longo do tempo, mantendo por esta razão as suas raízes e tradições italianas. A região foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.
Fernanda aguardando a partida |
Depois de 20 minutos, chegamos a Vernazza, onde almoçamos e fizemos um passeio.
Vernazza faz parte de Cinque Terre |
Lá pelas duas e meia da tarde, pegamos novamente o trem para irmos até a cidade de Levanto, onde o nosso ônibus estaria à nossa espera para seguirmos até Santa Margherita Lígure e, após, até Portofino. O nosso guia providenciou os bilhetes para o grupo e ficamos à espera no túnel, para rapidamente entrarmos nos vagões e seguirmos o nosso itinerário de viagem. São muito assustadores os momentos que antecedem a chegada do trem, pois o vento formado dentro do túnel justifica aquele dito popular de que o trem “chama” para si a pessoa, para um encontro fatal sobre os trilhos. Há, inclusive, corrimões nas paredes do túnel, para que as pessoas se agarrem a eles durante a tempestuosa passagem... Era o início de uma grande aventura que estava por vir, sem que sequer o imaginássemos...
O nosso guia José Manuel repassa as instruções antes de pegarmos o trem |
O nosso grupo, que a estas alturas já devia ter mais de 30 pessoas (durante a viagem, juntavam-se a nós turistas que faziam o mesmo percurso, mas em excursões diferentes), ficou distribuído em dois ou três vagões do trem. No nosso vagão, éramos 11 pessoas. Quando estávamos chegando a Levanto, depois de Monterosso, fomos avisados de que deveríamos nos preparar para descer em seguida. Levantamo-nos, para ficarmos próximos à porta de saída, mas esta permaneceu trancada, mesmo quando o trem já havia parado na estação. Isto para o desespero de todos. Nem mesmo a porta que dava para o vagão da frente pôde ser aberta, e só conseguimos abri-la depois de muito esforço. Mas o trem sabidamente fica parado por alguns minutos apenas, tranca novamente as portas que foram abertas durante a parada, e segue sua viagem. Entramos em pânico, pois nos perdemos do restante do grupo e não sabíamos onde iríamos parar. Numa terra desconhecida, coisas terríveis passam pela nossa cabeça. Cada um deu a sua opinião e prevaleceu a decisão de voltar para trás, ou seja, para Levanto, pois pensávamos que o nosso guia poderia ainda estar nos esperando.
Pare o trem que queremos descer!!! |
Na próxima parada, em Bonassola, descemos todos. Disseram-nos que não precisávamos pagar passagens, pois o incidente das portas é que havia motivado o nosso desembarque. Passou-se cerca de meia hora, até que pudéssemos voltar para a estação de Levanto. Para a nossa decepção, no estacionamento não havia ônibus nenhum... Decidimos ir para Santa Margherita Lígure, que era o destino do restante do grupo. Os colegas que seguiram viagem deveriam pegar um barco para Portofino e, depois, retornariam a Santa Margherita Lígure. Embora fôssemos perder este passeio, achamos que era o mais sensato a fazer naquele momento. Tentamos entrar em contato com a sede da empresa em Madri e depois com a filial de Roma, mas sem sucesso. O sistema de telefonia na Itália é decepcionante. Depois de diversas tentativas de formas diferentes, conseguimos contato com Madri, com a ajuda de nossos colegas de viagem hispânicos, deixando para eles a tarefa de avisar o guia sobre a nossa intenção de encontrar o resto do grupo em Santa Margherita Lígure.
Fim da linha e do sufoco: chegamos a Santa Margherita Ligure! |
Passou-se um tempo interminável. Compramos os bilhetes e os validamos na máquina existente na estação. Só nos restava esperar pelo horário de embarque. Penso que as informações aos usuários do serviço de trem nesta região não são muito claras, sobretudo aos estrangeiros, como o uso de painéis e outros recursos autoexplicativos. Com a ajuda de nativos num quiosque de revistas e jornais e junto ao guichê de venda de bilhetes, conseguimos pegar o trem certo. Passamos por diversas estações, cujos nomes eu não cheguei a anotar. O nosso consolo foi desfrutar das paisagens que não podem ser apreciadas num trajeto normal de ônibus. Por fim, chegamos à estação de Santa Margherita Lígure e, mais tarde, apesar do movimento intenso da cidade, encontramos o nosso guia.
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